Passaram alguns dias desde o fim do JavaOne e ainda não tinha relatado o último dia nem feito um resumo geral do que foi o evento este ano.
O último dia do JavaOne é já um dia de descompressão. Há menos gente, as pessoas estão cansadas e, para dizer a verdade, as sessões não eram tão apelativas.
Na noite anterior veio o aviso urgente de um surto de virus – o Norovirus – no complexo do JavaOne com grande alarme. Resume-se a um vírus que se espalhou rapidamente por mais de 70 pessoas que trabalhavam no recinto e que atacava o estômago de forma violenta. No entanto, penso que não foi isso que fez com que pouca gente tivesse ido ao último dia e disseram-me que era normal.
No dia fui apenas a duas sessões:
- Using Java Technology at the World’s Largest Web Site
- GlassFish Project Web Services Stack “Metro”: Easy to Use, Robust, and High-Performance
Esta apresentação foi feita por duas pessoas da Yahoo! e pretendeu dar uma ideia sobre como e para quê eles usam java no que eles chamam o maior site da web.
Tendo em conta que a Yahoo! não é propriamente uma empresa Java, percebeu-se que usam Java mais para a camada de middleware sendo que os serviços que residem por baixo são coisas em JNI feitas noutras linguagens ou outros serviços desenvolvidos noutras linguagens.
Um dos grandes desafios que sentiram foi a nível de performance, escalabilidade e disponibilidade. Para ultrapassarem este problema, eles usam uma versão deles alterada do Tomcat que lhes permite colocar vários processos à escuta do mesmo porto paralelamente, garantindo o que eles denominam de load balancing aplicacional. Não entraram em grandes detalhes além de dizerem que tentam sempre utilizar tecnologias opensource e que sejam comummente aceite (Maven e Hibernate, por exemplo).
No entanto, penso que transpareceu
a ideia que Java é pequeno, bastante pequeno, no mundo Y!, em relação ao C/C++ e PHP.
Tinhas algumas espectativas para esta sessão mas saíram goradas. Foi apresentada pelo Jitendra Kotamraju (o homem JAX-WS) e o Marek Potociar, ambos funcionários da Sun.
Como alguns funcionários da Sun fazem actualmente, tentaram evangelizar
tentando vender o Netbeans: as demos eram feitas todas com wizards do netbeans e com comentários de é tão fácil e gera tudo – já todos passámos pelas demos em que é tudo fácil
A apresentação em si foi bastante superficial no que toca ao Metro e focou-se em coisas bastante específicas do JAX-WS, nomeadamente no envio de attachments grandes. Gostei da forma como é possível abrir streams para enviar e ir gravando bytes sem ter de guardar tudo em memória. Quer isto dizer que não preciso de meter um attachment todo numa mensagem e enviá-lo, ou de o dividir: o cliente faz stream para o servidor que o vai guardando no destino, sem ocupar mais memória do que a de uns quantos chuncks que tem temporariamente.
De resto, não sobrou muita coisa de interesse na apresentação, pois perderam tempo a mostrar como se criavam webservices jax-ws que além de não ser novo, não é propriamente complicado de perceber para os casos simples demonstrados.
De seguida baldei-me às sessões finais. Estava cansado e algumas cobriam coisas que já tinha visto noutros dias (processamento multicore e segurança em web 2.0) portanto foi o resto para descansar.
O que fica do JavaOne
Olhando para trás com alguns dias de distância, o JavaOne é um evento certamente a participar. Aprende-se, trocam-se ideias e conhecem-se pessoas. Uma viagem destas vale muito mais dinheiro do que uma qualquer formação e sai a um preço semelhante (<2500€ TUDO) por isso é algo em que as empresas devem pensar um pouco mais. Mas afinal, o que fica do JavaOne 2008?
- JavaFX ainda longe
- O mundo multi-core está cá
- Linguagens dinâmicas
- Networking
- JUG
Como disse num post anterior, a Sun tentou vender novamente o JavaFX dedicando-lhe muito tempo na keynote inicial. Ficou demonstrado que ainda há muito trabalho a fazer e nos corredores a conversa era mesmo de descrença em relação ao futuro contra Flash/Flex/Air e Silverlight. O JavaFX terá de ser bastante bom para me desviar do Flex/Air para RIAs.
Imensas sessões acabaram falando da necessidade de tirar partido das máquinas multicore que por aí polulam. Enquanto antes uma máquina 32 cores era muita fruta, agora facilmente conseguem-se máquinas com 4 ou 8 vezes mais cores mudando apenas os tipos de processadores. Falou disto na palestra de Fortress, que tem primitivas tipo fork-join na base, falou-se em Scala que usa o modelo de Actors também para isto, falou-se – obrigatoriamente – na palestra do Brian Goetz e na de memória transaccional. E isto apenas nas que eu fui.
É realmente importantíssimo pois agora o problema deixa de ser tentar dividir os ciclos de processador entre as nossas threads para antes dividir as nossas threads por vários cores e dar-lhes trabalho. Escreverei mais sobre o fork-join noutra altura pois é muito interessante.
JRuby, Groovy, Scala e Javascript tiveram espaço em diversas sessões. Falou-se muito especialmente de JRuby e Groovy, sendo que Groovy e Grails parecem ter deixado as pessoas mais maravilhados. Eu que sou um gajo statically typed e chato, gosto muito do Scala.
Quando falo de networking estou a falar de conhecer e trocar ideias com outros developers, pois lá não há a conversa de recrutamento nem nada disso. É fácil falar tanto com o zé ninguém como o mais conceituado membro da comunidade java. As diversas festas no fim de cada proporcionam esse tipo de contacto e os cartões de visita são absolutamente obrigatórios de levar.
Algumas das conversas mais interessantes que tive foram mesmo nesses fins de noite.
A nível do JUG o JavaOne foi excelente tanto a nível de contactos como de ideias para melhorar a nossa comunidade. Tive relatos de JUGs muito diferentes e que funcionam muito bem – imaginem-se as diferenças entre um JUG Norueguês e um Brasileiro.
Esta experiência servirá para introduzir ideias no nosso JUG e com sorte fazer “coisas bonitas” e ficam os contactos com especialmente com o pessoal dos JUGs do Brasil e Paris, tudo boa gente.
Resumindo, vale a pena. É cansativo e longe mas altamente recompensador tanto para quem vai como para a empresa que patrocina. Por isso tentem convencer a vossa empresa, bem explicado podem ver a importância de um evento deste.
Estive com o Ruben no JavaONE e fiquei com a mesma impressão.
É um evento extremamente interessante, tanto pelas sessões como pelo networking que é possível fazer.
Certamente vale a pena a viagem e o dinheiro gasto (sobretudo ao preço que o dollar está em relação ao Euro).
Boa série de posts!
Sim, tendo em conta que como dizia alguém lá, qualquer que seja o valor em dólares são aproximadamente 50 cents, foi uma boa altura para fazer a viagem.
É pena é que, pelo que parece, fossemos os únicos portugueses por lá.
Olá Ruben!!! Foi muito legal conhecê-lo e acompanhar seu blog. Viu a foto da reunião do JUGs no blog do JavaBahia (3o dia)? Bom, querendo “redescobrir” a Bahia, o pessoal do PT.JUG será muito bem-vindo. Abraço!
Está muito boa a foto, pareço mesmo magro!
Também foi um prazer conhecer-te lá e também segui o teu blog. Tenho algumas fotos mas ainda nem as coloquei online e inclusive um vídeo bastante comprometedor do pessoal brasileiro a cantar a garota de Ipanema no Thirsty Bear
O pessoal daí também será sempre bem-vindo no PT.JUG se planearem uma viagem à europa.