As certificações actualmente disponibilizadas pela Sun não são, tal como a grande maioria das certificações, uma garantia completa da qualidade e capacidade de quem as tem. Já conheci diversas pessoas com mais certificações do que eu podia enumerar e que sabem tanto daquilo como muito programador júnior acabado de sair da faculdade. O problema destas certificações é que as pessoas as encaram como algo para o curriculum, sendo que normalmente quem tira certificações é porque precisa de provar competências que poderá ainda não ter adquirido. Há programadores com meses de experiência que são Java architects, embora a experiência de arquitectura que tenham não possa ser muito superior a nula. A realidade é que se marra para as certificações e depois esquece-se de tudo o que se leu, enquanto a certificação deve servir para provar que aquela pessoa desempenha aquele papel e já conhece as diversas áreas a serem certificadas.
Além disso, nem sempre as certificações são adequadas ao dia-a-dia de trabalho. Um programador com alguns anos de experiência, terá de dar uma olhadela em alguns livros antes de ir fazer um exame para java certified programmer, por muitas perguntas são problemas com os quais nunca se deparou na sua vida profissional. São estruturas de certificação rígidas. Embora eu próprio tenha como objectivo a curto prazo ser um Certified Java Architect, para poder por no cartão de visita e fazer inveja aos amigos – ok, não vão ter assim tanta inveja, mas sabem que se tiver a certificação lhes pago copos, por isso ficam sempre felizes – penso que começam a aparecer soluções mais interessantes de demonstrar skills de java.
Enter JavaBlackBelt
Em 2004 foi criado o JavaBlackBelt, tendo tido bastante sucesso nos tempos mais recentes. Con
siste num site que oferece certificação nas mais diversas áreas de java, de forma colaborativa. Temos exames desde Java básico até exames sobre Maven, Spring ou Hibernate, com diversos níveis ou com áreas específicas dentro de uma plataforma. Conforme se vão completando exames vão-se obtendo graduações – cintos – mais elevadas.
Os próprios exames e as suas perguntas, são contribuidas, votadas e moderadas pelos utilizadores do site. Para conseguir isto, os criadores do JavaBlackBelt criaram um esquema em que, para fazer mais exames, um utilizador tem de juntar o que eles chamam de “contribution points”. Podem obtê-los criando novas perguntas, novos exames, comentado perguntas existentes, editando objectivos de exames, etc. Mesmo enquanto estamos a fazer um exame, podemos dizer se gostamos da pergunta que estamos a responder ou se a achamos desajustada para aquele exame. Deste modo, é garantido que os utilizadores têm de dar algo à comunidade para se conseguirem certificar. Em contrapartida têm exames que foram criados e moderados por milhares de programadores e que são muito mais adaptados à realidade de um profissional.
Visto serem certificações online, o programador é encorajado a utilizar todos os meios que tem ao seu dispor para responder aos exames. Tal como num projecto real, pode utilizar o seu IDE, o seu browser para perquisar o que precisar. Se chumbar nalgum exame, pode voltar a repeti-lo, sendo que pode ter de esperar até 15 dias de intervalo para o fazer.
Do que tenho lido, algumas empresas nos Estados Unidos começam a ter atenção a este tipo de certificações. São normalmente tiradas por pessoas mais interessadas, são obrigadas a participar na comunidade e são orientadas não só à linguagem, mas também a outras frameworks e ferramentas. Era interessante que em Portugal se começasse a olhar também para isto. Fica
a chamada de atenção.